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Compulsão Alimentar

Entenda a diferença entre fome física e fome emocional, o que diz o DSM-5 sobre o transtorno de compulsão alimentar e como a escuta terapêutica pode ajudar no processo de acolhimento e transformação.

Emanuele Coelho, 20 de agosto de 2025

Comer é um ato profundamente humano que raramente é apenas sobre nutrir o corpo. A comida carrega afetos, histórias, memórias e significados que moldam nossa relação com ela desde a infância.

Para muitas pessoas, o ato de comer está diretamente ligado a estados emocionais: ansiedade, tristeza, solidão, frustração ou até celebração.

Esse fenômeno é conhecido como fome emocional, quando o impulso de comer surge não da necessidade fisiológica, mas da tentativa de lidar com emoções difíceis. E quando esse padrão se torna frequente, intenso e desregulado, pode evoluir para um comer transtornado, como a compulsão alimentar, que envolve sofrimento psíquico e perda de controle.

A cultura das dietas, marcada por restrições alimentares, promessas de corpo ideal e moralização do comer, contribui significativamente para esse cenário. Estudos apontam que dietas restritivas aumentam o risco de episódios de compulsão alimentar, pois geram um ciclo de privação, culpa e descontrole. Além disso, essa cultura reforça a ideia de que o valor de uma pessoa está ligado ao seu corpo, alimentando inseguranças e distorções na autoimagem.

Quando a comida vira um pedido de escuta

Comer é mais do que nutrição!

Fome Física x Fome Emocional: Entendendo os sinais

Origem

Tipo de Alimento

Sinais Corporais

Sensação Após Comer

Fome Física

Necessidade fisiológica

Qualquer alimento

Estômago roncando,

fraqueza

Saciedade

Fome Emocional

Emoções não elaboradas

Específicos (Palatáveis)

Ansiedade, tristeza, euforia...

Culpa, medo

O que diz o DSM-5
Compulsão ≠ Descontrole

Segundo o DSM-5, o transtorno de compulsão alimentar é caracterizado por episódios recorrentes de ingestão de grandes quantidades de comida em um curto período (geralmente até duas horas), acompanhados de uma sensação de perda de controle.

Esses episódios ocorrem pelo menos uma vez por semana, durante três meses consecutivos.

Diferente do descontrole alimentar ocasional, que pode acontecer em situações pontuais de estresse ou distração, o transtorno envolve:

• Frequência e padrão repetitivo

• Sofrimento psicológico significativo

• Ausência de comportamentos compensatórios (como vômitos ou uso de laxantes, comuns na bulimia)

A pessoa sente vergonha, culpa e desconforto após comer, mas não consegue interromper o ciclo sozinha.

Na Abordagem Centrada na Pessoa não há julgamento, há presença.

A compulsão alimentar é vista como uma tentativa legítima de lidar com o sofrimento. O papel do terapeuta é oferecer um espaço seguro, empático e congruente, onde a pessoa possa se escutar e se reconectar com suas emoções.

Carl Rogers já nos lembrava que o acolhimento genuíno e a escuta profunda podem abrir caminhos de transformação.

A Escuta Terapêutica na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP)

Caminhos Possíveis:

• Reconhecer os gatilhos emocionais do comer

• Praticar atenção plena nas refeições

• Buscar apoio terapêutico com escuta empática

• Cultivar autocompaixão e autenticidade

A compulsão alimentar não é fraqueza, é um pedido de escuta.

Ao olhar para a relação com a comida com mais gentileza, abrimos espaço para compreender nossas dores e transformar nossa forma de cuidar de nós mesmas.

Se esse texto tocou algo em você, saiba que há caminhos possíveis. E você merece ser escutada com respeito e acolhimento.

A Comida como Pedido de Escuta

Emanuele Coelho, 20 de agosto de 2025

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